quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Por que você não deve fazer root em seu Android

A popularização do sistema operacional móvel do Google, o Android, trouxe várias preocupações para quem realmente entende de segurança. Um dos assuntos mais comentados do momento é como fazer root ou rootear seu smartphone. A Internet está cheia de tutoriais, das mais variadas procedências, ensinando o tal procedimento para uma ampla gama de aparelhos equipados com o sistema.  O problema, porém, é que a maioria dos usuários segue tais tutoriais apenas porque ouviu dizer que isso seria bom, na maioria das vezes não entendendo o que, de fato, o procedimento significa. Se você comprou um novo (ou seu primeiro) smartphone Android e está pensando em fazer root, leia esse artigo antes de fazer o procedimento e tire suas próprias conclusões sobre o procedimento.




O que é o root?


Não é de se estranhar que a maioria dos usuários de Android também são usuários de Windows e, assim, possivelmente tiveram pouca ou nenhuma intimidade com outro sistema operacional que não aquele fabricado pela Microsoft.


Se esse é o seu caso, o primeiro ponto que você deve entender é que Android é Linux. O mesmo sistema operacional que domina o mercado de servidores Web, está presente em 98% dos maiores supercomputadores do planeta e é apoiado por grandes órgãos e empresas como Nasa, Oracle e Carrefour roda no seu telefone celular... isto é, ao menos a base dele, visto que a interface gráfica é uma implementação proprietária da Google, geralmente personalizada pelos fabricantes de aparelhos.


Diferentemente do Windows, o Linux já nasceu com a segurança do sistema em mente e uma das formas de tornar o sistema seguro é através das contas de usuário. As distribuições de Linux possuem dois tipos de usuário: o root e o usuário comum.


A principal diferença entre esses dois tipos de usuário está no "poder" que eles possuem. Um usuário comum apenas pode criar, editar e apagar arquivos de sua própria pasta pessoal, tendo acesso negado para mexer em qualquer outra parte do sistema. Já o usuário root é como um deus que pode mexer onde bem quiser sem restrição alguma. Como o Android é um Linux em essência, ele também segue essa linha de permissões.


O problema reside no fato de os usuários de Windows, que estão conhecendo agora o Android, estarem acostumados a usarem um sistema inseguro. O MS-DOS, antecessor da interface gráfica da Microsoft, era um sistema de linha de comandos monousuário e monotarefa sem qualquer esquema de segurança: se o usuário quisesse, ele poderia, com um simples comando DEL ou DELTREE, apagar partes vitais do, senão todo o, sistema. O Windows 3.11, o Windows 95 e as versões posteriores também seguiram essa linha e deixaram de educar o usuário nas boas práticas de segurança.


Quando a Microsoft lançou o Windows XP em 2001, ela tentou imitar o esquema de segurança dos usuários do Linux criando os usuários administradores, que podiam mexer em todo o sistema, e os usuários limitados, que podiam exercer apenas certas ações. No entanto, ela falhou pois, ao instalar-se o Windows XP, é criada, por padrão, uma conta de usuário administrador para o usuário do PC, além da própria conta de usuário Administrador criada durante a instalação. A empresa deixou nas mãos do usuário a iniciativa de criar contas limitadas, caso desejasse. Óbvio que ninguém fez isso.


Já no Windows Vista, a empresa tentou corrigir essa má postura através do UAC. Para nós, usuários de GNU/Linux, esse avanço, apesar de bem-vindo, não representou novidade alguma, mas para os usuários de Windows, foi um inferno, pois qualquer ação precisava da permissão do usuário para ser executada.


Essa polêmica toda reside no fato de o usuário de Windows não ter sido educado, desde cedo, a usar um sistema seguro. Para quem não está acostumado, pode parecer incômodo, à primeira vista, ter de digitar uma senha para instalar ou atualizar um programa, acertar o relógio do computador, acessar determinadas pastas ou fazer alguma configuração mais avançada. No entanto, o novo usuário logo se acostuma e o "sacrifício" inicial logo se transforma na certeza de se estar utilizando um sistema seguro.



E o root no Android?


O root no Android é a mesma coisa. O que acontece é que as operadoras, por questão de segurança, não liberam o acesso ao super usuário, deixando o dono do aparelho reinando apenas sobre sua pasta pessoal. Para a maioria dos usuários, isso é suficiente, mas é claro que aqueles que sempre tiveram as portas do sistema abertas para trás jamais se acostumarão com tamanha segurança e logo encontrarão um jeitinho de habilitar o doto cujo usuário root em seus smartphones.



Vantagens e desvantagens


A princípio, fazer root no celular traria como vantagem o acesso a algumas configurações e possibilidades antes inacessíveis, como desinstalar aplicativos de fábrica ou realizar ajustes finos, mas essas vantagens são pequenas e não valem a pena ante os riscos que a técnica oferece.


Nenhum usuário e administrador de Linux em sã consciência utilizará o sistema logado como root pelo simples fato de que isso é uma imbecilidade completa. O usuário root, como já dito e exemplificado, serve apenas para instalar, remover ou atualizar aplicativos no sistema e fazer algumas configurações, sendo utilizado o mais brevemente possível.


Além do fato de poder danificar partes sensíveis do sistema operacional, utilizar um sistema como root pode expô-lo a malwares na rede. Se, hipoteticamente, um vírus infectasse um computador com Linux, se esse sistema estivesse sendo utilizado como usuário comum, o máximo que o malware faria seria infectar os arquivos pessoais do usuário o que, de uma forma extrema, poderia ser resolvido com a simples deleção dos conteúdos de sua pasta pessoal. No entanto, se esse vírus entrasse em um computador que estivesse sendo utilizado como root, ele poderia se espalhar para o sistema inteiro, o que poderia significar perdas catastróficas.


Felizmente, não existem vírus para Linux, mas alguns criminosos desenvolvem softwares mal-intencionados que atuam em cima da interface proprietária feita com Java da Google (o sistema Linux, em si, permanece ileso). Assim, se você estiver utilizando seu smartphone como root, há o risco que um desses malwares se espalhe para partes vitais do sistema operacional do aparelho, podendo inclusive inutilizá-lo.


Essa, aliás. é outra desvantagem de se tentar fazer root. Os procedimentos que estão na Internet não são oficiais e, portanto, podem não funcionar. Pior ainda, em casos extremos eles podem até danificar ou inutilizar totalmente aparelhos como smartphones e tablets que, em certos casos, podem ter custado até milhares de reais. Além disso, a maioria dos fabricantes declara expressamente que a garantia do aparelho pode ser invalidada se procedimentos desse tipo forem feitos.



Conclusão


Dessa forma, sob o ponto de vista da segurança, não vale a pena "rootear" seu smartphone. A perda de espaço interno causado pelo crapware da operadora ou do fabricante pode ser compensada com um cartão de memória maior e as configurações disponíveis atendem às necessidades da maioria dos usuários. No entanto, o Linux é um sistema livre e cabe a cada um exercer sua liberdade do jeito que melhor lhe convir, acatando a responsabilidade sobre as consequências.

6 comentários:

  1. MUITO BOM ESTE ARTIGO, BRIGADO PELA INFORMAÇÃO, ESTAVA PENSANDO EM ROTEAR MAS NÃO VOU FAZER ESTA BESTEIRA PORQUE IRÁ TRAZER GRAVES CONSEQUÊNCIAS, É BOM SEMPRE OUVIR AQUELES QUE TEM MAIS EXPERIENCIAS PARA NOS INSTRUIR!!
    ABRAÇOS

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  2. Muito boa informação pois este artigo é diretamente para mim visto que estou prestes a adquirir o meu 1º smartphone android e até agora só utilizei windows...
    Valeu a pena ler de inicio ao fim fiquei a saber muito mais sobre vantagens e desvantagens sobre rootear o aparelho.
    Em contrapartida também visitei outras opiniões que confirmam ser possível o retrocesso desse processo caso seja necessário.
    Talvez seja melhor compreender que vantagens traria para mim dependendo da utilização que lhe vou dar.
    Obrigado por este artigo.

    Cumps

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  3. Por favor, quem assina este artigo?

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  4. Parabéns pela matéria. Eu tenho um celular e um tablet com Android, sendo que o tablet é "rooteado". Fiz os procedimentos porque sou bem experiente e possuo bons conhecimentos, e é por conhecer bem que recomendo que usuários leigos evitem fazer esses procedimentos inadvertidamente, uma vez que, como fora explicado na matéria, as consequências podem ser irreversíveis. O que sempre recomendo (e nunca é demais, para essa e quaisquer outras práticas que exijam técnica) é para que os interessados pesquisem muito antes de realizar essas alterações.

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  5. Já estava com tudo pronto para fazer o root até ler esse artigo. Obrigada pelas infomações!

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  6. Lucas de souza20 março, 2014 13:17

    Tenho um Samsung tab 2 7 P3110. Olhe que absurdo, para você MOVER um aplicativo grandes (games) para um cartão SD para liberar mais espaço você não consegue mover nenhum app sem fazer ROOT. Pergunto então para que diabos a samsung ofereceu uma opção de adicionar um cartão se não podemos ter essa opção mover sem fazer ROOT.

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