quarta-feira, 20 de abril de 2011

Comparação: Gnome Shell Vs Unity

Mais cedo eu publiquei o meu review do Ubuntu 11.04. No entanto, creio que seja necessária uma comparação entre as duas próximas gerações de Desktop para Linux: Gnome-Shell - parte do Gnome 3 - e Unity - o Frankstein da Canonical. Fiquei algumas boas horas no Unity para poder fazer a comparação com mais justiça e creio que fui bem justo.



Primeiro Round: Aproveitamento do Espaço no Desktop


[caption id="" align="aligncenter" width="512" caption="Gnome-Shell, no Fedora 15 Alfa"][/caption]

[caption id="" align="aligncenter" width="512" caption="Unity, no Ubuntu 11.04 Beta 2"][/caption]

 


E aí estão nossos desafiantes. No primeiro screenshot, o Gnome-Shell, que será padrão na versão Gnome do Fedora 15. No segundo, o Unity, que será padrão no Ubuntu 11.04. Em questão de aproveitamento da área de trabalho e de visual, o Unity tem um acabamento superior. No entanto, o aproveitamento - em primeiro momento - do espaço no Gnome-Shell é melhor. O Dock que aparece no lado esquerdo no segundo screenshot só aparece no Gnome-Shell se você passar o mouse sobre o "menu" atividades e não fica ali te atrapalhando a vida toda.


Uma segunda vantagem do Unity frente ao Gnome-Shell é a questão de colocação de ícones na área de trabalho. Apesar de concordar com os devs do Gnome de que, com os ícones no desktop, a interface em pouco tempo vira uma verdadeira zona, deixar essa opção para o usuário é uma coisa boa e nessa parte, é ponto positivo para o Unity. Na parte de visual e área de trabalho, para mim a vitória é do Unity.



Segundo Round: Aproveitamento de tela por Aplicativo e Foco nas Atividades


[caption id="" align="aligncenter" width="512" caption="Firefox maximizado no Gnome-Shell"][/caption]

[caption id="" align="aligncenter" width="512" caption="Firefox maximizado no Unity"][/caption]

 


Uma segunda parte do meu review fica por conta do aproveitamento da tela por conta do aplicativo. Se a ideia de ambos é manter o usuário focado na sua atividade, o espaço que o aplicativo ocupa na tela é muito importante. Nesse quesito, o Unity leva uma vantagem bem grande, já que a função que integra o menu e a borda da janela à barra superior é uma boa sacada. No entanto, o Unity herda um dos maiores defeitos - no meu ponto de vista - do Gnome 2 que são as notificações. Por padrão (não sei se tem como modificar depois, mas isso não é importante nesse momento), tudo o que cai no Empathy ou acontece no sistema, um "balãozinho" é exibido de uma forma que não pode ser ignorado. E o pior: fica ali até resolver desaparecer.


Se o Gnome-Shell não integra a borda da janela a barra superior, ele leva grande vantagem no sistema de notificações. No Shell, as notificações são coisas discretas, que ficam na parte inferior do ambiente e são guardadas, para o caso de você não ter tempo de dar atenção as mesmas naquele momento. Além disso, as notificações não ficam saltitando e soltando purpurina para chamarem a sua atenção, são discretas, o que ajuda a manter o foco na sua atividade.


Ainda nesse quesito, a utilização do Empathy em ambos mostrou uma grande diferença, também relacionada as notificações do sistema. Enquanto no Unity é necessário alternar entre as janelas para poder responder uma mensagem no Empathy, no Shell basta apenas ir até a barra inferior e digitar na própria notificação, que serve como "mini bate-papo". Pode parecer besteira, mas isso ajuda a não tirar o foco do que você está fazendo. Por isso, nesse quesito eu declaro o Gnome-Shell vitorioso. O aproveitamento da tela do Unity é melhor, mas o sistema de notificações atrapalha a experiência do usuário.



Terceiro Round: Menus e Docks


[caption id="" align="aligncenter" width="512" caption="Menu no Unity."][/caption]

[caption id="" align="aligncenter" width="512" caption="Menu no Gnome-Shell."][/caption]

 


Essa parte me deu um pouquinho de #VergonhaAlheia por conta da superioridade do Gnome-Shell frente ao Unity. No que será que os devs da Canonical estavam pensando quando fizeram aquele menu? Não são eles os caras fodas bonzinhos que pensam muito no usuário final? Bom, o menu do Unity é uma tragédia. Em primeiro lugar porque não fica claro onde você encontra o tal menu (sim, eu sei que é só clicar em "Mais Aplicativos"), além disso, quando o usuário clica no local correto, são apresentadas tantas opções - boa parte que não deveria estar lá, são frescuras - que deixaria qualquer um meio zonzo num primeiro momento. Se você não souber qual o nome do aplicativo que procura, eu tenho pena da sua alma, porque vai demorar para encontrá-lo, principalmente se você não estiver habituado ao Unity e ao Linux de uma forma geral.


Se o menu do Gnome-Shell não é uma dádiva dos deuses, ao menos é superior ao do Unity e não tão confuso. Basta você clicar em atividades e depois em "Aplicativos" que, pronto, todos os aplicativos instalados no seu sistema aparecem. Para visualizar por categoria, basta dar um clique na categoria desejada. Simples assim.


Outro ponto a ser comentado é que, enquanto o Gnome-Shell abre sua janela de atividades em tela cheia, o Unity, por padrão, prende o usuário naquela janelinha sem vergonha. Tudo bem que eu posso maximizá-la, mas fazer isso a todo momento cansa a beleza de qualquer um, fala sério.


Enquanto ao dock, que também vale uma menção aqui, adicionar um ícone  ao dock do Unity é uma massada. Arrastar e soltar pode ser algo interessante, bonitinho até. No entanto, eu prefiro a maneira do Gnome-Shell que me permite adicionar aplicativos ao Dock arrastando ou simplesmente clicando com o botão direito do mouse e clicando em "Adicionar aos Favoritos". Simples assim. Como fica óbvio, o vitória é do Gnome-Shell nesse quesito.



Quarto Round: Gerenciamento de Tarefas


[caption id="" align="aligncenter" width="512" caption="Gerenciamento de Tarefas no Gnome-Shell."][/caption]

[caption id="" align="aligncenter" width="512" caption="Gerenciamento de Tarefas no Unity."][/caption]

 


Aqui está outro #EpicFail do Unity. Quando você migra do Gnome 2, que tem a barra de tarefas na parte inferior, espera que essas tarefas sejam gerenciadas em outro lugar, já que a barra inferior sumiu. No Gnome-Shell, as tarefas são gerenciadas através do "menu"  atividades, no link de "Janelas". Você pode alternar entre suas janelas abertas, e entre suas áreas de trabalho.


Hum, ok. E onde os devs da Canonical colocaram o gerenciamento de janelas no Unity? Ah, tá, não colocaram. Simples assim. Você pode alternar entre espaços de trabalho, você pode abrir novos aplicativos, mas se quer alternar entre duas janelas abertas, só te resta o velho ALT + TAB, o que é uma falha grave, atrapalha e muito a utilização do desktop. Você pode alternar também clicando no ícone aberto no Dock, no entanto, até o usuário iniciante se dar conta disso, muitos e muitos tópicos no fórum já foram abertos perguntando sobre isso, porque não é algo claro, nem evidente. Resumindo, vitória do Gnome-Shell também nesse quesito.



E quem leva o cinturão dos peso-pesados é...




[caption id="attachment_3653" align="aligncenter" width="360" caption="Crédito da Imagem: http://va.mu/Bw6"][/caption]

Definitivamente, o Gnome-Shell sai vitorioso dessa briga. O Unity é até uma boa ideia, com vários pontos positivos, como o aproveitamento da tela por parte do aplicativo, mas herda muitas falhas do Gnome 2, como o sistema de notificações, por exemplo. O gerenciamento de tarefas e o menu são duas tragédias, não faço ideia de como uma distro do tamanho do Ubuntu vai colocar um shell como interface padrão com duas falhas graves como essas, sendo que considero o gerenciamento de tarefas a mais grave das duas. O Unity é algo para o futuro. Se esse futuro é próximo ou distante, isso já não sei. O que sei é que o Gnome-Shell é o presente, e um presente bem superior.

11 comentários:

  1. Estou usando o unity a alguns dias, e depois de ler essa comparação, tive ainda mais curiosidade de testar o gnome 3.
    Então fiz o download do Fedora 15.
    Concordo em alguns pontos.
    Unity está muito bom, apesar de ter algumas coisas no menu, que talvez eu concorde com você.
    Gerenciamento de janelas, sempre usei o velho ALT+TAB.

    Agora a maior facilidade do gnome3 vc esqueceu de demonstrar.
    Pra desligar o sistema, " o computador ", como quiser chamar, preciso efetuar logoff, pra depois desligar? Realmente pra um usuário iniciante, isso é muito fácil.
    E sem contar os botões minimizar e maximizar, que fazem uma falta danada, pra quem não sabe as teclas de atalho, e justamente quem não sabe são os usuários iniciantes. E você criticou tanto a canonical por facilitar a vida deles, com o instalador pratico.

    O Unity precisa melhorar muito em algumas coisas, e a cada update eu vejo uma evolução...

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  2. Paulo, bem vindo.

    Sobre a questão de desligar no Gnome 3, creio que seja falta de informação da sua parte:

    http://espacoliberdade.blog.br/blog/groups/gnome/forum/topic/dica-desligando-o-pc-diretamente-do-gnome-3/

    Sobre os botões maximizar e minimizar, tudo é uma questão de costume. Vc sente falta deles pq estava acostumado com eles lá, depois de um tempo usando o Gnome 3, vc vai notar que realmente eles não fazem falta. Eles fazem falta num contexto de interface do Gnome 2, mas no Gnome 3 eles deixam de ter sentido.

    Abraços.

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  3. Fiz o mesmo teste que você e usei o Gnome Shell no Fedora 15. Concordo com a qualidade dos sistema de notificação do Gnome 3, mas ficamos por aí.
    Achei muito confuso o menu de aplicações, não vi toda essa facilidade que citou. Fiquei dando voltas pelo menu até encontrar o que queria e teve coisas que ainda não achei, mas com o tempo acredito que vou encontrar.
    Alt+tab para o Unity, eu uso o Super+W a muito tempo, antes mesmo do Unity. Sim, sei que não é intuitivo mas é melhor que o alt+tab.
    O mesmo review eu farei daqui a alguns dias, depois de usar bastante, mas os pontos que você citou aqui não considero como superiores no Gnome Shell, com excessão do sistema de notificação.

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  4. Se vc deu voltas pelo menu, é porque não sabe pra que serve o aplicativo que procurava. No lado direito tem um menu com letras enormes, com todas as principais seções.

    Sobre o tal Super+W, ainda bem que vc sabe, eu não precisei te dizer. Dizer que o gerenciamento de tarefas do Gnome 3 não é superior ao do Gnome 3 é brincadeira, é querer muito falar bem do Ubuntu sem ter como...

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  5. Testei os dois sistemas via live-image e concordo em quase tudo com você. Gnome-Shell é esplêndido. Todas as mudanças são muito bem aplicadas e tornam o uso muito prático e intuitivo. Sim, quem disse que o Gnome-Shell não é intuitivo é porque compara ao modo "windows de ser" e o modo windows não é, definitivamente, intuitivo.

    Já o Unity está muito inacabado. Daqui a algum tempo, com mais lapidação, tem tudo pra ficar bom. A barra superior virar menu é algo útil que unida aos botões de controle da janela torna tudo muito prático, simples e útil. Nisso eu só mudaria pra o menu ir pra barra superior apenas quando a janela fosse maximizada, ficar lá sempre acaba prejudicando na movimentação do mouse.

    Quer saber algo que ficaria perfeito? Um gnome-shell com os botões invertidos e menu na barra superior como no Unity.

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  6. Da mesma maneira te digo, você teve muita má vontade ao testar, o mesmo menu de seções está presente no Unity.
    Como disse no comentário, dei voltas e a coisa não é tão intuitiva como você prega, mas eu também disse que com o tempo vou encontrar, ao contrário de você estou tentando ser imparcial.

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  7. Sabem de uma coisa? Que bom que ainda ficarei mais tempo com o meu bom e velho Gnome 2.30 em meu Debian Squeeze!
    De qualquer forma, o Gnome Shell realmente parece a melhor opção. Tentarei instalar aqui só para experimentar (ele deve estar nos repositórios testing).

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  8. Discordo em alguns pontos, preferências pessoais mesmo. Por exemplo, para mim o Alt + Tab já basta.
    Na minha opinião os dois ambientes ainda não estão prontos para substituirem os atuais ambientes de trabalho. Pessoalmente com um LXDE, XFCE ou Gnome 2 costumizados, reuno uma melhor soma de características. E pelo menos o Unity, o unico que já testei, não é nem um pouco costumizável.

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  9. Daniel, o Gnome 3 começa agora a ganhar os primeiros temas para o Shell e os temas para GTK3 tb começam a aparecer. O Unity tem uma "vantagem" por usar o Gnome 2 como base, e com ele o GTK2, com suporte a todos os temas que já foram produzidos.

    O Gnome 3 com o tema Orta para o Shell, os ícones Faenza e o Adwaita (tema padrão do Gnome 3) fica realmente muito bom. Estou em contato com o criador dos temas para o Gnome Shell, o cara se mostrou muito prestativo. Atualmente ele está migrando os temas dele para funcionarem com a extensão gnome-shell-extensions-user-theme, especializada em aplicar temas para o shell.

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