terça-feira, 14 de junho de 2011

3% - a série de ficção científica nacional que você PRECISA assistir

Quando falamos das produções nacionais, logo lembramos dos filmes eróticos e das - com o perdão da palavra - merdas que vemos todos os dias em emissoras como Globo, Record e SBT. Aparentemente, nosso país apenas sabe produzir cópias mal-feitas de produções estadunidenses e novelas que nem de longe retratam a realidade brasileira: no Nordeste retratado, não existe seca, fome ou miséria; nas novelas que se passam no eixo Rio-São Paulo, os personagens principais são brancos, donos de grandes fortunas, diretores de grandes empresas e não andam de ônibus nem ficam em fila de casa lotérica para pagar contas. Felizmente, isso mudou para mim quando eu resolvi conferir a dica que o @nerdmaldito postou no Twitter.


3% é uma série de ficção científica nacional produzida de forma independente cujo primeiro episódio está disponível em três partes no YouTube. A trama se passa em um mundo no qual todas as pessoas, ao completarem 20 anos, podem se inscrever em um processo seletivo. Apenas 3% dos inscritos são aprovados e serão aceitos em um mundo melhor, cheio de oportunidades e com a promessa de uma vida digna. O processo de seleção é cruel, composto por provas cheias de tensão e situações limites de estresse, medo e dilemas morais.


A série me cativou logo nos primeiros minutos e os autores não precisaram de nenhum efeito especial para isso, tampouco inserir alienígenas, mutantes, super heróis ou outras figuras típicas do gênero;  a única arma da série é ter um roteiro inteligente que te prende do início a fim (e eu aviso: tem spoiler no final).



A história lembra 1984 ou V de Vingança e permite que façamos várias metáforas com o "Lado de Lá" e o processo de seleção: o vestibular, as entrevistas de emprego, os concursos públicos ou até mesmo o simples sonho de ter uma vida melhor. Os personagens da trama mostram várias facetas do ser humano, inclusive que ele é capaz de passar por cima de tudo e de todos para atingir seu objetivo e a história mostra várias dificuldades que os jovens tem no caminho de conquistar seu sonho: deficientes físicos, negros, ateus, homossexuais estão à beira de serem automaticamente desclassificados nos vários processos de seleção da vida real - e não apenas os jovens: a própria blogosfera e as distros Linux também são lutas que poderiam ser encaixadas aí.



Se ainda cabe uma crítica a série é que nenhum dos personagens principais é negro ou pardo, que representam a maioria da população nacional, mas talvez isso venha a ter alguma explicação no desenrolar da trama, que já foi comentada em vários sites internacionais, incluindo alguns do Canadá e do Japão, além da revista Época - e cuja todos nós torcemos que continue: na verdade, os produtores querem que alguma rede de televisão compre a série para que eles continuem seu desenvolvimento, afinal não possuem condições para produzir os outros 12 episódios da primeira temporada, mas eu digo-lhes: desistam da ideia. Esse tipo de material de qualidade não passa na televisão aberta e, se por milagre alguma emissora resolver comprar 3%, certamente exigirão mudanças drásticas no enredo que descaracterizarão a ideia original. Como vocês mesmos devem saber, menos de 3% consegue entrar nesse mundo televisivo. erá melhor organizarmos uma campanha de doações ou algo assim. De qualquer forma, desejo toda a sorte e o sucesso do mundo aos produtores e não se esqueça de seguir o PS: não, eu não estou recebendo nada para escrever esse post.

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