terça-feira, 27 de setembro de 2011

UEFI: Microsoft fecha o cerco contra GNU/Linux

Pelo visto, os piores pesadelos de Richard Stallman estão prestes a se concretizar. Depois de ameaçar a continuidade das distribuições de Linux há alguns anos com seu exército de patentes, a Microsoft, aquela mesma empresa que fez um vídeo em homenagem aos vinte anos do sistema livre, deixando no ar a dúvida de que poderia se tornar nossa amiga em um futuro próximo, ataca novamente com uma poderosa arma: o UEFI.


Para quem não está ligado, o UEFI, segundo seu site, é um esforço comunitário de várias empresas para modernizar o processo de Boot dos computadores, que é basicamente o mesmo desde a década de 80, baseado na já ultrapassada tecnologia BIOS.


Com o UEFI, a Microsoft afirma que o boot do sistema Windows será mais rápido, bonito e seguro. Em um vídeo publicado pela empresa no YouTube, os avanços são visivelmente inegáveis: ao invés de ter de navegar em telas confusas baseadas no padrão DOS, o usuário poderá utilizar uma interface gráfica sensível ao toque para escolher o sistema operacional, ajustar as configurações de boot e resolver problemas.


Tudo muito bonito, mas o que a Microsoft não conta é que os fabricantes que quiserem pré-instalar o Windows 8 em seus computadores terão de implementar um boot seguro, que impede a alteração do setor de boot do disco rígido a menos que o usuário tenha uma chave digitalmente assinada pela Microsoft ou pelo fabricante do PC (Link).


Na teoria, tal medida evitaria a propagação de vírus que infectam o setor de boot, mas sejamos francos: esse tipo de contaminação é realmente muito raro hoje em dia; os vírus de boot mais famosos, como o Jerusalem e o Ping Pong, foram escritos na década de 80 e projetados para infectar o MS-DOS. Para que, então, exigir um travamento desses? A resposta é um pouco óbvia: a Microsoft quer se proteger dela mesma e do Linux.


Embora o maior mantra dos usuários de Windows seja que a maioria das pessoas que compra computadores com Linux logo o troca por uma versão pirata do Windows, também é uma verdade que eles não contam que a maioria das pessoas que compra um computador com Windows Starter ou Home Basic original também logo trata de substituir a versão que veio de fabrica por uma Ultimate conseguida de forma ilícita com a célebre desculpa de que essa versão possui mais recursos (embora a pessoa não use a metade deles). Com o tal travamento do setor de boot, na teoria seria impossível a pessoa substituir o sistema original por um pirata e, assim, a Microsoft resolveria seu problema.


O Linux poderá ser o grande prejudicado dessa história toda pois, se o UEFI funcionar do jeito que estão pensando, a instalação de qualquer distro falhará na hora de instalar o GRUB e, assim, os usuários de software livre estarão condenados a usarem Windows ou poderem usar seu sistema apenas em uma máquina virtual. Seria o golpe de misericórdia contra o único inimigo que a Microsoft não pode vencer com dinheiro.


É claro que, sem sombra de dúvidas, os famosos crackers vão encontrar uma maneira bem rápido de passar por esse bloqueio a fim de instalar versões "alternativas" do sistema da empresa e, além disso, especula-se que o próprio UEFI permitirá iniciar outros sistemas, como o vídeo linlado nesse artigo sugere em certo ponto e, além disso tudo, devemos lembrar de que o mesmo ainda não está pronto.


De qualquer forma, se as coisas se desenvolverem da maneira mais pessimista, a guerra terá sido iniciada, pois nem todos os usuários de software livre aceitarão depender de um gerenciador de boot da Microsoft para entrar em seu sistema livre.


Mais do que nunca, valerá a máxima de que o verdadeiro usuário de GNU/Linux é aquele que monta seu PC peça por peça, escolhidas a dedo - isso, é claro, se as placas-mãe vendidas avulso também não incorporarem o UEFI e se você não pretender usar um laptop. A máxima de que o software proprietário só ferra você está ficando cada vez mais forte e, em breve, você deverá escolher de que lado vai ficar.

Um comentário:

  1. Isso que a Microsoft e as empresas estão fazendo pode até ser legal, mas é totalmente imoral. Eu espero que alguém detenha esse tipo de medida, afinal não foi a microsoft que recebeu da União Europeia a proibição de programas como o IE e o W Media Player por padrão? Bem, de todo jeito a Micro$oft quer ganhar nas costas dos outros. Eles podem até travar temporariamente os SO, mas seus servidores sempre serão Linux.

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