quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Adeus definitivo ao Kurumin


Com o anúncio do fim do suporte ao Debian Etch, os últimos corajosos e saudosistas que ainda insistiam em utilizar o muito defasado Kurumin 7 encontram o final da linha: ou trocam de sistema ou migram para outras distros. Mas afinal, o que ainda prende tanta gente ao Kurumin tanto tempo depois de ser descontinuado?



Por que fez sucesso?



Para entender tanto saudosismo com a distro, temos que voltar ao cenário Open Source que havia quando o projeto foi iniciado. Quando o projeto Kurumin foi iniciado pelo Morimoto, não havia nenhuma iniciativa realmente produtiva de levar o Linux aos desktops, ainda mais para iniciantes.

Um outro ponto importante do nosso indiozinho é a facilidade de configuração de conexões discadas. O cenário da época em que a internet discada era ainda mais absoluta maioria que hoje, a dificuldade de configuração para esse tipo de acesso afastava a maioria dos usuários, que passaram a ser atraídos por essa facilidade.


Um outro ponto que até hoje causa euforia em 90% dos usuários que já utilizaram o Kurumin são os Ícones Mágicos. Em uma época em que os programas de instalação de softwares como o KPackagekit, o Gdebi e semelhantes eram só ideias não imaginadas pelos seus desenvolvedores - excluindo apenas o Synaptic - , o Morimoto trouxe uma ferramenta que instalava facilmente todos os tipos de aplicativos, além de trazer ao conhecimento dos novatos muitos aplicativos desconhecidos e que seriam bem úteis, como o Beryl (na época "concorrente" do Aglx). Desde jogos, passando por programas de internet e efeitos 3D, o instalador prático que acompanhava o Kurumin ficou famoso em todo o Brasil.


Por último e não menos importante, fica a questão visual e de performance. O Kurumin foi uma das primeiras distribuições a trazer o KDE 3 com um visual muito bem acabado e, ao mesmo tempo, uma leveza impressionante para uma distro com tantas funções e facilidades.


Por que acabou?



O Kurumin teve sete versões, cada uma com evoluções claras em relação a anterior. Utilizando a base Debian, ainda mais complicada naquela época do que é hoje, ele trouxe facilidades nunca antes vistas no mundo Linux. Mas temos que pensar que o desenvolvedor não vive de luz do sol e que manter a maior distribuição nacional e ainda ganhar dinheiro para sobreviver não é nada fácil. Principalmente quando o desenvolvimento do sistema é feito praticamente sozinho.

O surgimento do Ubuntu e o surgimento da preocupação de outras distros com usuários iniciantes também contribuiram para o desenvolvedor achar a distro desnecessária no cenário atual. Falando mais em relação ao Ubuntu, o desenvolvedor acabou considerando que o esforço financeiro da Canonical em relação ao seu sistema acabaria criando uma alternativa para iniciantes muito melhor que o Kurumin jamais seria.

A pressão da comunidade para lançamentos com mais melhorias e em menor tempo também contribuiram muito para a descontinuação da distro.

Mais e agora?

Com a descontinuação dos repositórios da base do último Kurumin, o 7, os usuários tem poucas saídas além de migrar para outra distribuição ou voltar a utilizar o Windows. Uma outra saída desesperada seria trocar os repositórios Etch pelos Lenny - nova versão do Debian -, mas não é uma operação fácil ou rápida e se o usuário tem experiência suficiente para fazer essa operação, o melhor é migrar para o próprio Debian Lenny.

Não há atualmente uma distro com base Debian que chegue perto do que foi o Kurumin. Falando no cenário nacional de distribuições, a única que ainda faz frente aos tempos dourados em que o Kurumin reinava, é o Big Linux que tem base Ubuntu, mas ainda sim é tão leve como um Debian based e tem tantas funções quanto o próprio indiozinho. Falando no cenário internacional, talvez a melhor opção seria o Mint, muito bem falado pelos usuários que já o experimentaram.

Se você ainda pretende continuar com o K7, tenha em mente que as atualizações de segurança já não serão oferecidas e, portanto, você pode estar deixando sua máquina em risco extremo.

Conclusão

Esse post é uma homenagem ao nosso querido Kurumin. Se pudessem ser levantadas estátuas virtuais, o indiozinho iria merecer ao menos uma por tudo o que fez pelo Linux Nacional e internacional. Características como a sua leveza e beleza inspiram desenvolvedores nacionais até hoje, assim como suas ferramentas servem de base, ou no mínimo ideia para os softwares livres nacionais que são desenvolvidos para as distribuições atualmente ativas.

Todos os que chegaram ao Linux através do Kurumin vão sentir sua falta agora que o fim é definitivo e irreversível. Cabe aos que chegaram ao Linux e aprenderam a desenvolver em qualquer linguagem depois disso, continuar o trabalho iniciado pelo Morimoto: levar facilidade gratuitamente para todos. Meu adeus e minhas saudades, Kurumin.

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