Bom, vocês devem estar sabendo que durante essa semana um dos desenvolvedores do Fedora anunciou sua saida do projeto, alegando que os outros desenvolvedores o estavam tratando com mais, digamos, rispidez. O tal desenvolvedor, de nome David Nielsen, é desenvolvedor em Mono, e queria de qualquer maneira encher o Fedora com essa tecnologia, o que não foi aceito pelos demais.
Você não sabe o que é Mono? Bom, sendo bem prático e direto,:
"Mono é um implementação construída em comunidade do Framework .NET para uma ampla faixa de sistemas operacionais e arquiteturas de CPU. Na verdade, o framework .NET da Microsoft é apenas a mais comum implementação de um padrão ECMA, números de 334 e 335, que permite programas serem desenvolvidos em alguma plataforma e executados em outra plataforma."
Fonte: http://www.vivaolinux.com.br/artigo/Mono-Por-que-usalo
Creio que no primeiro parágrafo eu praticamente dei o problema e o desfecho, mas vamos detalhar as coisas. O Mono é considerada uma tecnologia proprietária. Muitos aplicativos, como o Banshee, utilizam esse framework. No entanto, por ele ser proprietário, ele não poderia nem mesmo estar nos repositórios do Fedora, coisa que ocorre ainda por motivos que eu, sinceramente, desconheço, já que pelos termos da distro, o Mono não deveria estar nos repositórios.
Há algum tempo, o Ubuntu anunciou que substituiria o Rhythmbox pelo Banshee na próxima versão. O senhor David Nielsen, animado com o avanço do framework no desktop Linux mais utilizado, propôs aos outros desenvolvedores que o Fedora adotasse a mesma medida, o que não foi aceito. A insistência do sr. Nielsen em colocar o Banshee e o Mono de uma maneira geral no Desktop do Fedora acabou gerando o que ele chamou de "conselhos contundentes sobre a continuação do meu trabalho no Fedora" e de "ofensiva via correio" por parte dos outros devs do Fedora (veja aqui).
Para você entender, o Mono não pode estar no Fedora pelos mesmos motivos que o driver Nvidia, o Flash Player e o Adobe Reader, só para dar três exemplos importantes, não estão. São tecnologias proprietárias, com as quais os desenvolvedores do Fedora não podem mexer (corrigir erros, melhorar, etc) e, por tanto, não são aceitas na distro. Você pode ver o exemplo da explicação da ausência do Adobe Reader aqui.
O fato nisso tudo é que o Fedora perdeu um desenvolvedor mas, com toda a certeza, vai evoluir depois disso. Sem o desenvolvedor em Mono, a equipe poderá seguir por caminhos realmente opensource e, quem sabe um dia, não terá mais o Mono nos seus repositórios, como mandam as regras da distro. O sr. Nielsen também não ficou muito tempo triste. Nessa mesma semana ele se desligou do Fedora completamente e embarcou no time do Banshee, conforme o próprio anunciou em seu blog. Leiam o post e vejam onde ele foi encontrar "todo o necessário para se trabalhar com o Mono". Depois vocês falam que eu é que sou chato, mas são os fatos, ora... :P
Creio que isso vai deixá-los melhor informados sobre o que realmente aconteceu, ajudando a desfazer ou, guiçá, acabar com os boatos e o boca a boca do povo. O fato também serviu para que todos ficassem um pouco mais por dentro do pensamento do Fedora.
Fontes:
http://davidnielsen.wordpress.com/2009/03/07/drawing-my-own-conclusion/
https://www.redhat.com/archives/fedora-desktop-list/2009-February/msg00071.html
https://www.redhat.com/archives/fedora-desktop-list/2009-February/msg00067.html
http://br-linux.org/2010/banshee-deve-ser-player-padrao-no-ubuntu-11-04/
https://fedoraproject.org/wiki/Forbidden_items
http://davidnielsen.wordpress.com/2010/07/25/an-adventure-in-open-source-contribution/
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