sexta-feira, 8 de julho de 2011

Richard Stallman e os ataques do grupo Anonymous

Antes de tudo, irei falar um pouco sobre quem é Richard Stallman: Richard fez parte do movimento para o Software Livre e é fundador da Free Software Foundation, consagrado programador e muitas vezes tido como hacker (no bom sentido, não no sentido de criminoso). A maioria que frequenta o Espaço Liberdade já deve saber da história dele, dos Quatro Pilares da Liberdade, das suas idéias, eventos que participou e outras coisas mais...

Mas o fato é que recentemente, Richard Stallman escreveu um artigo defendendo os "protestos" do grupo Anonymous. Segue abaixo parte do artigo, com um link para o endereço original:
Os protestos online feitos pelo grupo Anonymous são equivalentes a uma manifestação na internet. É um erro classificá-los como atividade de grupos hackers (uso da astúcia brincalhona) ou de crackers (invasão de sistemas de segurança).

O programa que os manifestantes usam, chamado LOIC, já vem pré-configurado, de modo que nenhuma astúcia é necessária para rodá-lo, e ele não invade o sistema de segurança de nenhum computador.

Os manifestantes do Anonymous não tentaram assumir o controle do site da Amazon e nem roubar dados da MasterCard. Eles entram pela porta da frente de uma página, que simplesmente não é capaz de suportar tantos visitantes ao mesmo tempo.

Chamar os protestos organizados por eles de “ataques de negação de serviço” (DDoS) também está errado. Um ataque DDoS propriamente dito é feito por meio de milhares de computadores zumbis. Alguém invade o sistema de segurança destes computadores (com frequência recorrendo a um vírus) e assume remotamente o controle sobre eles, programando-os para formar uma botnet (rede de zumbis, que é um sistema em que computadores aliciados desempenham automaticamente a mesma função) que atende em uníssono às suas ordens (neste caso, a ordem é sobrecarregar um servidor). A diferença é que os manifestantes do Anonymous em geral fizeram eles mesmos que seus próprios computadores participassem do protesto.

Leia o artigo completo, traduzido, em http://blogs.estadao.com.br/link/ataque-nao-protesto/

Concordo em partes com o que Stallman diz, quando ele fala que é uma forma de manifestação na Internet, que não seria propriamente uma invasão de sistemas sobre o aspecto técnico, a comparação feita com o Software Livre e os sistemas operacionais além da necessidade de o povo fiscalizar a ação do estado, o direito de todas as pessoas saberem a verdade.

Mas o problema é: Como exatamente isso iria acontecer? Será que Stallman acha mesmo que o mundo (em geral) se conecta de uma forma tão forte a Internet e que protestos na rede mundial de computadores seriam equivalentes a protestos nas ruas? Será que seria mesmo tão fácil, fazer isso sem levantar um grito, ou usar a força?

A "Primavera Árabe", nome pelo qual o levante democrático nos países do Oriente Médio tem sido chamado nos mostra o quão fraca é a Internet, o quão dependente do mundo real ela é. A primeira coisa que é cortada em países em conflito com o governo é a internet. Uma iniciativa como a do Anonymous já é de certa forma "alguma coisa" mas não irá chegar nem perto de resolver o problema.

Embora Stallman esteja certo em vários pontos do artigo, devemos considerar que há uma considerável carga de entusiasmo, misturado com um desejo utópico de fazer uma grande revolução, aplicando o que ele fez com o Software Livre em todos os governos do mundo, mais ou menos como o Anonymous prega. Richard quer usar de leis de um mundo abstrato, dos computadores para controlar o mundo físico, muito mais complexo do que o primeiro.

E é aí que nasce o perigo... Será que essas "manifestações" realmente vão colocar os governos em cheque, ou vão somente despertar a repressão em forma de leis contra "crimes" e "censura" na internet? Na rede, qualquer pessoa pode, até certo ponto ficar em anônimo, mas a identificação do cidadão é no mundo real um dos requisitos para exercer a cidadania e lutar por reformas em qualquer ramo da sociedade/governo. Ou você espera que o Palácio do Planalto abra uma carta anônima, protestando contra a corrupção e outras coisas?

Até agora, não vi praticamente nenhuma utilidade para um movimento que se iniciou na Internet e que quer permanecer anônimo, lutando contra todos os governos corruptos do mundo. Simplesmente, a atividade deles nunca irá ser levada a sério a ponto de gerar a mudança que eles querem. Porque no mundo real, o "tabuleiro", as "peças", e as "regras do jogo" são diferentes.

E você, o que pensa sobre isso? Até que ponto esses protestos a qual o Stallman se refere serão levados a sério? Será que resultarão no que os manifestantes querem? Gostaria de possível de saber a opinião de você leitor, para levar o tema para uma discussão, um debate sadio :)

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