terça-feira, 1 de novembro de 2011

2020: o ano do Linux nos desktops

De acordo com Carlos Cardoso, o ano do Linux no desktop pode ser calculado pela fórmula (Ano Atual)+1, o que é um eufemismo para dizer que ele nunca chegará. Mas será que, um dia, teremos um ano do Linux no desktop, ou seja, um ano em que o sistema livre vai dominar a computação pessoal? Se analisarmos os diferentes setores de informática, o ano do Linux já aconteceu, está acontecendo ou vai acontecer.



Se considerarmos o mercado de servidores, o ano do Linux já aconteceu há tempos, aproximadamente em 1996. Antes disso, a maioria dos servidores rodava o Windows NT da Microsoft e, como os administradores de sistema logo descobririam, além de caro, o sistema da Microsoft era uma afronta à segurança (podemos citar o famoso erro que permitia ter acesso à árvore de pastas de um servidor web através de uma URL mal formada). Por essa época, os administradores começaram a descobrir a combinação Apache e Linux que, além de fazer a mesma coisa que o NT mais IIS, era gratuito e muito mais seguro. O resultado, basta ir no Netcraft: a maioria esmagadora dos servidores web roda Linux. Assim como no mercado de supercomputadores, o Windows não tem vez e o Linux reina absoluto.


Já o ano do Linux nos smartphones foi em 2009, alguns meses após a Google ter lançado o Android que, mesmo tendo uma interface proprietária, roda sobre o kernel livre. Hoje, o robozinho verde domina o mercado de telefones inteligentes e a participação do Windows Phone é mínima, para não dizer desprezível.


O ano do Linux nas empresas começou no início da década passada e... surpresa: ainda não acabou! (eu nunca disse que esses anos tinham 365 dias, disse?) Cada vez mais as empresas nacionais e estrangeiras estão descobrindo as vantagens de se trocar o Windows pelo software livre - especialmente onde o sistema proprietário não é extremamente necessário. Em minhas andanças pela minha cidade, por exemplo, descobri que uma rede de farmácias local trocou o velho Windows XP de seus terminais de caixa pelo OpenSUSE com um sisteminha em Java. Outras lojas, como Ponto Frio, Casas Bahia, Quero-Quero, Lojas Colombo e várias outras também estão usando Linux em lugares como esse, onde o Windows não é necessariamente indispensável. A Quero-Quero, inclusive, usa um sistema em WindowMaker e os empregados não reclamam. A maior vantagem disso é que a empresa atualiza o sistema e mantém o hardware antigo, que seria objeto de museu em outras circunstâncias. Além disso, temos de lembrar que a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil também usam o sistema em seus terminais de autoatendimento.


Mas a grande pergunta é: quando será o ano do Linux no desktop?


A primeira coisa que precisamos de ter em mente é o fato de que o Windows é o rei dos desktops e ninguém vai mudar isso - não a curto prazo. As mesmas pessoas que usam um smartphone ou tablet com Android ou sacam seu dinheiro no banco usando Linux sem reclamar logo chiam quando cogitam a ideia de usar qualquer coisa em seu computador que não seja feita pela Microsoft. Sejamos realistas: a maioria das pessoas que compra um computador com Linux trata logo de substituir o sistema por uma versão geralmente pirata do Windows antes mesmo do primeiro boot da máquina por um motivo muito simples: computador é sinônimo de Windows.


No entanto, todos sabemos que o desktop tradicional está morrendo. Mark Shuttleworth, criador do Ubuntu, anunciou que está preparando a próxima versão LTS do seu sistema para rodar em tablets e em televisões inteligentes. Esse será o futuro do sistema livre. Muitas TVs inteligentes hoje já rodam o Linux e, com esse anúncio, elas ficarão mais poderosas e inteligentes.


Em um futuro próximo, o desktop como conhecemos hoje deixará de existir e o que teremos serão dispositivos de entretenimento e informação. Nós poderemos acessar a internet, ouvir nossas músicas, assistir aos nossos filmes, nos comunicarmos com nossos amigos e transferirmos nossos arquivos pessoais através da televisão, que deixará de ser um instrumento passivo que apenas transmite um conteúdo já pronto e se transformará em um aparelho ativo e bidirecional. O Linux será integrado naturalmente nessa nova geração de aparelhos e os usuários não irão estranhar o sistema, que vai parecer cada vez mais natural. Imagine você estar assistindo a novela e, com um clique no controle remoto, trocar para um gerenciador de arquivos e editar um texto com um teclado wireless. Não haverá estranhamentos pois as TVs não são computadores.


A Microsoft continuará reinando sobre os desktops, mas seu reino ficará cada vez menor e sem importância. Silenciosamente, o Linux avança rumo à dominação do usuário doméstico.

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