terça-feira, 8 de novembro de 2011

Por que atualizar a distro a cada 6 meses?

Infelizmente, uma das maiores tendências do mundo do software proprietário - a de convencer o cliente a sempre comprar a nova versão do programa - já invadiu o ecossistema do software livre. A cada seis meses, a maioria das distribuições mainstream lança uma nova versão e os usuários correm para se manter atualizados. Agora respire e pense: por que fazemos isso?



No começo, não havia uma periodicidade bem definida para as distros. O Slackware, a mais antiga distribuição ainda em atividade, lançava uma nova versão quando ela estivesse pronta e os outros nomes, como Red Hat, Debian e Mandrake, geralmente faziam um lançamento por ano. Foi quando a Red Hat resolveu se voltar ao mundo empresarial e lançou o projeto comunitário Fedora que essa nova "onda" ganhou vida: a nova distro receberia uma atualização maior a cada semestre.


Para a maioria dos usuários domésticos, isso não é um grande incômodo: em geral, basta deixar as atualizações baixando da internet que o instalador faz o resto sozinho mas, em raros casos, isso pode causar varios transtornos e, portanto, há aqueles que preferem fazer backup de seus dados e reformatar sua partição de Linux... de seis em seis meses. Já para os usuários de distribuições Rolling Release, como o Arch ou o Gentoo, esse problema não existe, visto que sua distro está sempre atualizada em relação aos pacotes mais atuais - o pior que pode acontecer é o cara instalar com um cd um pouco antigo e ter várias centenas de megabytes a atualizar.


Se parece uma loucura para o usuário doméstico, para os usuários corporativos é um pesadelo. Por isso, felizmente temos versões com um período de suporte maior, como as versões LTS do Ubuntu que, a partir do ano que vem, passarão a ser suportadas por cinco anos.


Mas essa nova tendência nos fez perder um dos maiores aspectos do GNU/Linux: a liberdade de escolher a dedo os programas que eu quero ter. Atualmente, em geral, se uma distribuição vem com uma versão X do KDE ou do GNOME, esta somente será atualizada quando uma nova versão daquela distro for lançada. Nem sempre foi assim. m 2006, quando eu usava Slackware 11, uma versão mais atualizada do KDE foi lançada; alguém empacotou-a para o Slack e tudo que eu tive de fazer foi baixar os pacotes (pelo wget, claro), reiniciar em modo texto, remover os pacotes atuais e instalar os novos. Bingo! Em poucos minutos (não contando o tempo de download), eu estava com meu desktop atualizado sem ter sido preciso reinstalar o sistema inteiro. Hoje, infelizmente, fazer isso nas distros mainstream e uma tarega praticamente impossível.


É claro que não exigimos que as empresas mantenham uma versão por um período indeterminado (apesar de o Slackware 8.1, lançado em 2002, ainda estar recebendo atualizações :O ), mas estamos nos esquecendo que a Comunidade é uma grande provedora de suporte. Neste post do fórum da comunidade Mandriva Brasil, um usuário relata que, apesar de as versões 2011 e 2012 já terem sido lançadas, ele ainda utiliza a versão 2010.2, que mantém atualizada através de um repositório alternativo, chamado MIB, que segundo ele possui pacotes ainda mais atuais do que os oficiais das versões mais novas! Ainda, não irei encontrar, mas certa vez vi um cara em um fórum gringo, acho que em 2009, dizendo que ainda usava Debian Sarge porque ele era mais leve. Isso sem falar nas lendas sobre as universidades americanas que ainda rodariam servidores com kerneis da série 2.2...


Enfim, acredito que a questão de se atualizar a cada semestre vá de cada um, mas ela não é inteiramente necessária. Assim como o Mandriva, a maioria das distros possui repositórios (ou PPAs) alternativos que mantém o sistema atualizado, mesmo com ele já tendo alguns anos nas costas. O importante e que o sistema funcione, atenda às necessidades do usuário e que seja seguro - o que todo Linux é por excelência.


E você, leitor? Atualiza seu sistema a cada seis meses ou prefere usar até a última gota das versões com um pouco mais de estrada? Comente!

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