quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Review do Mageia 1

Ok, o lançamento do Fedora 16 foi ontem, logo, você esperava que hoje fosse liberado um "Review e Tutorial" do Fedora 16.  Eu aguardei esse momento para informar que não sou mais usuário do Fedora Linux e estou acertando os detalhes para deixar também de ser membro do Projeto Fedora. Estou seguindo em frente e serei, até segunda ordem, usuário do Mageia Linux. Feito o aviso, vamos ao post.


O Projeto Mageia foi anunciado em Setembro de 2010, em meio a crise que a Mandriva enfrentava (antes de receber a ajuda dos russos), como um fork, uma continuação da distro que estava praticamente falida (falência que não se concretizou). O Mageia 1 foi lançado em Junho, sem fazer muito barulho, nem chamar a atenção. Como eu adoro uma novidade e nunca me animei pelo Mandriva, resolvi testar seu "filho". E gostei bastante do que vi.





[caption id="attachment_4762" align="aligncenter" width="300" caption="Artwork do Mageia, por Alex83"][/caption]

O Projeto Mageia



Antes que alguém pergunte, não, eu não surtei. A foto desse bebê bonitinho acima representa o estágio atual do Projeto Mageia como um todo: lindo, forte e com a vida inteira pela frente. De acordo com a página do Mageia, a versão 1 contou com cerca de 100 colaboradores, sem muitas regras e infraestrutura definidas. Os colaboradores ainda estão decidindo coisas básicas, como tempo de suporte dos lançamentos, infraestrutura (a Wiki, por exemplo, é temporária). Por isso, não se surpreenda se encontrar apenas um Mandriva com artwork um pouco diferente: eles ainda estão começando. ;)



A Distro



Vou confessar que minha maior resistência em baixar o Mageia foi o KDE 4 como ambiente "principal", apesar de ter versão com Gnome 2 disponível. No entanto, assim como o ambiente gráfico padrão do Fedora é o Gnome, o padrão do Mageia, o que recebe maior atenção, é o KDE. Mas posso dizer que fui surpreendido pelo KDE 4.6: rápido, eficiente, tudo que não havia sido até agora. Além disso, o trabalho do pessoal do Mageia ajuda bastante na experiência do usuário, uma vez que só fui afetado por um único bug, específico do meu hardware.


Um detalhe que pode afastar algumas pessoas é que a versão LiveCD só está disponível para a arquitetura i586. A versão 64bits só está disponível no LiveDVD. Esse é outro problema que os colaboradores estão discutindo para o Mageia 2, a disponibilização de um liveCD 64 bits.


O Mageia inclui (contando com atualizações):




  • KDE 4.6.5;

  • Kernel 2.6.38.8;

  • OpenJDK 1.6.0;

  • Flash Plugin 11;

  • Firefox 7;

  • Chromium 14;

  • Mageia Control Center;


As diferenças entre Fedora e Mageia


Bom, antes de falar mais do Mageia, vou tentar mostrar as diferenças entre o Fedora e o Mageia. A primeira, e maior delas, é em relação a filosofia em si. Enquanto o Fedora não trás softwares que não sejam de código aberto (como é o caso do Flash Plugin e do Oracle Java, por exemplo), o Mageia os trás no famoso repositório "Nonfree".  Já os pacotes que podem ter problemas de patentes, o Mageia trás no repositório "Tainted", tudo diretamente nas mídias oficias da distribuição, sem a necessidade de correr atrás do RPMFusion da vida.


Além disso, o Fedora tem por objetivo inovar, trazer as versões mais recentes, sacrificando um pouco da experiência do usuário nessa corrida. O Mageia, por outro lado, não se preocupa tanto em estar a frente do seu tempo, ser pioneiro, mas em ser o mais estável possível. Em termos de ser "amigável" com o usuário, acho que cada uma tem seus pontos fortes e fracos.


Fica claro com tudo isso que a escolha entre Fedora e Mageia deve ser de acordo com o perfil do usuário, não posso recomendar uma ou outra por qualidade, ambas são excelentes.



A Instalação



Achei estranho o instalador do Mageia, sinceramente. Ele está naquele meio de caminho entre ser simples e ser completo, não conseguindo ser nem uma coisa, nem outra. Ele não tem as opções para usuários avançados que existem no Anaconda e o básico (particionamento) é muito simples, sem grandes opções. Um fato bem incomodo é que a formatação do HD pede a reinicialização do sistema, um fato bem incomodo se tratando de um liveCD.



Apresentando o Centro de Controle Mageia



Minha última experiência com alguma coisa próxima do Mandriva foi o PCLinuxOS, em 2007. De lá para cá, o Control Center do Mandriva melhorou bastante, e o pessoal do Mageia parece que vai seguir nesse caminho. Sem sombra de dúvida, é algo direto e prático para o usuário, que nem Ubuntu, nem Fedora trazem para seus usuários por padrão.


Como um usuário vindo do Fedora, me impressionei com a praticidade em se instalar recursos proprietários ao sistema, como o driver Nvidia, por exemplo. Você pode configurar desde as Mídias, passando pelas fontes, tela de login, recursos de rede e tudo mais diretamente da interface gráfica. Se o Mageia dificulta a vida dos novatos em algumas áreas, nesse ponto facilita bastante.



O Centro de Redes



Eu juro que esperava encontrar o KNetworkManager, e estava tendo pesadelos com isso, eu confesso, mas o Centro de Redes do Mageia é bem prático e funcional. Você pode configurar todas as conexões diretamente por ele. No meu caso, infelizmente, existe um bug especifico para o modelo do meu modem, o que me obrigou a utilizar o wvdial, mas testei com o modem do meu irmão e tudo funciona perfeitamente, sem a dor de cabeça que é o NetworkManager em algumas ocasiões.



O Instalador de Pacotes



Pelo que percebi, o Mandriva e o Mageia tem uma queda forte por ferramentas próprias, muitas vezes com alternativas tão boas quanto suportadas pela comunidade de código aberto e por outras distros. Um bom exemplo disso é o Centro de Rede, do qual falei no último tópico, e do RPMDrake, o instalador de pacotes. Pela captura de tela vocês podem observar que ele é muito parecido como o Gnome-PackageKit (ou seria o GPackageKit parecido com o RPMDrake, eis a questão.).


O lado bom disso é que você não vai estranhar o modo como os pacotes são instalados. A única coisa que pode assustar quem está chegando e o tamanho do download que ele informa. Não sei informar se é um bug, mas o fato é que ao invés de informar o tamanho do download, ele informa, junto com as dependências, o tamanho do espaço ocupado depois de instalado.



A experiência do usuário e conclusão


Uma coisa a ser analisada é a experiência do usuário e o tão falado "foco da distro". O Mageia se mostrou, ao meu ver, uma distro com pontos altos e baixos. O instalador e a configuração das mídias (repositórios) pode sim complicar a vida de um usuário iniciante e desavisado, principalmente o instalador. Por outro lado, o Centro de Controle e o Centro de Rede facilitam bastante a vida de quem está chegando, e o instalador de programas não dificulta a vida.


Depois das mídias serem configuradas, as opções disponibilizadas nos repositórios são mais práticas que as do Fedora, por um questão óbvia de política e de filosofia que cada uma tem: com os repositórios "Tainted" e "Nonfree" ativos, você tem acesso aos drivers Nvidia, codecs proprietários, Flash Plugin, Java e tudo mais que você só teria acesso no Fedora através de repositórios de terceiros (RPMFusion, no caso).


Enfim, talvez o Mageia não seja a distro mais indicada para quem está saindo do Windows, mas quem já tem o mínimo de bagagem e sabe usar e abusar do Google, não terá grandes dificuldades com ela.

4 comentários:

  1. kleberson ventura09 novembro, 2011 06:48

    Isso foi uma surpresa, trocar o Fedora pelo mageia, mas fica o aviso, de quem passo bastante tempo no mandriva, e usou o mageia 1. O mageia 1 é idêntico em praticamente todos os aspectos ao mandriva 2010.spring, até por ser um fork, no momento ele não possui expressividade alguma, Se tu queres uma experiencia mas decente seria mas conveniente usar o mandriva, por ter mas pacotes, suporte e etc. e o quesito q deixa bastante a desejar são as comunidades mandriva, q não gostam do fork, o projeto mib chegou a colocar um banner de recusa, ao fork. Do mageia 2 em diante, como eu li a um tempo no forum mageia, ele vai tomar o próprio rumo, mas nesse momento o mandriva é melhor opção. Mas pra quem quiser investir no magei fica ai como opção.

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  2. Otima analize, eu que sempre fui usuario fiel ao mandriva, ja defendi a distro varias vezes, sempre recomendei a todos, enfim, quando surgiu o mandriva 2010.X eu fiquei logo entusiasmado, pois a distro estava mto boa, entao liberaram releases do mandriva 2010.1 e 2010.2 estava uma maravilha, entao foi uma espectativa enorme, mas a demora para o lançamento foi me desanimando, qdo lançou eu baixei ate gostei, mas pensei, nao era isso que eu tinha em mente, esperava bem mais.
    com o tempo fui configurando a distro, e perdendo a vontade de usalo, parti para a busca de uma outra distro, usei o chakra por uns dias, enfim baixei o mageia, e logo me perguntei, pq nunca baixei ele antes, pode ser ironia mas o Mageia 1 esta melhor que o mandriva 2011

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  3. É, o pessoal do Mandriva não deve ter gostado muito da ideia do fork. Mas eu acho que o Mageia tem mais chances de sucesso, visto que é dirigido pela comunidade, não depende de uma empresa. Acho que o Mageia tem sim muito futuro.

    Abraços.

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  4. Olá, Angelo. Migrei para o Mageia em primeiro lugar porque queria experimentar um KDE trabalhado por pessoas que o utilizam como padrão da distro (diferente do Ubuntu e do Fedora, que tem como base principal o Gnome). Além disso, achei uma ideia incrível e uma iniciativa muito promissora. Confio que a comunidade que dirige o Mageia fará dessa distro uma das grandes do cenário Linux.

    Obrigado pelo comentário. Abraços.

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