quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

ODEPC: A Nova Onda do Linux?

Você, provavelmente, já escutou falar do ODPC - One Distro per Child, ou Uma Distro por Criança, em bom português. Esse é um assunto polêmico mas não é dele que irei tratar. Vou tratar de um problema mais recente, tão grave quanto: o ODEPC - One Desktop Enviroment per Child. Vou explicar a que se refere esse termo e o porque dele aparecer na minha mente justamente agora.




One Desktop Enviroment per Child ou Um Ambiente Gráfico por Criança. Parece gozação, sacanagem, mas é muito sério: nesse ano que está se encerrando a moda foi criar seu próprio ambiente gráfico e podemos, com tranquilidade, apontar o grande "culpado" de tudo isso: o Gnome-Shell. Muitas distros utilizavam o Gnome 2 e, quando o Gnome 3 chegou, por motivos diversos resolveram seguir seus próprios caminhos. Nessa brincadeira surgiram, ou ganharam maior visibilidade, Unity, Cinnamon e MATE, só para citar os mais badalados do momento, sem contar com os já existentes: Lxde, Gnome, KDE, Xfce, Enlightment...


O Fork faz parte da cultura do Software Livre de maneira geral e não pode ser visto, de maneira nenhuma, como algo totalmente ruim. É mais ou menos como o caso da Remasterização de uma distro Linux: se o motivo for bom e existirem pessoas interessadas, é super válido. O problema, em ambos os casos, é o exagero.


Quando o Ubuntu começou a fazer sucesso, pipocaram de todas as partes remasterizações da distribuição: tinha até Ubuntu versão cristã e Ubuntu versão do Capiroto (é sério, tentem não rir). É lógico que a grande maioria não tinha um bom motivo para existir, nem foi construída sobre uma base sólida: era apenas um sistema remasterizado por um usuário querendo aparecer.


Com a chegada do Gnome 3, a coisa foi bem parecida. Enquanto o Fedora e, mais tarde, o openSUSE, entre outros, abraçaram a nova versão do ambiente gráfico, muita gente ficou descontente com as novas características da nova versão. Como contribuir para melhorar é bobagem (é sério?!), a primeira a puxar a fila dos novos ambientes gráficos pós-Gnome 3 foi a Canonical, com seu horripilante Unity. Até aí, tudo bem, a Canonical tem alguma estrutura para manter o seu próprio ambiente gráfico (mesmo que eu continue achando que ele é o resto do cocô do cavalo do bandido), o que significa que, ainda que o mesmo não chegue a ser bom e utilizável, não vai morrer assim tão fácil.


Depois que o Linux Mint ultrapassou o Ubuntu no distrowatch, o desenvolvedor principal (único?) do Mint parece que ficou meio megalomaníaco: primeiro anunciou a adoção do MATE, fork do Gnome 2, como ambiente gráfico secundário da distro e, futuramente primário. E, nas últimas semanas, anunciou, olhem que criatividade, seu próprio fork do Gnome-Shell, o Cinnamon. O problema aqui é: o Linux Mint não tem estrutura para ter seus pacotes num repositório próprio, afinal, continua sendo apenas um remaster do Ubuntu, utilizando os repositórios do mesmo.


Aí chegamos a grande questão: acho bastante questionável a possibilidade do Mint dar futuro a um ambiente gráfico próprio, já que não tem estrutura nem mesmo para ter seus próprios pacotes num repositório próprio. O desenvolvedor do Mint está me parecendo os desenvolvedores brasileiros da "Era Kurumin", que pensavam alto, criavam suas próprias ferramentas, mas nem repositório próprio tinham. E, é claro, todos lembram que fins levaram as distros da tal "Era Kurumin".


Na minha humilde opinião, os desenvolvedores insatisfeitos com os rumos do Gnome 3, antes de começarem a criar ambientes gráficos rEfiSeFuQuIs, deveriam olhar para os já existentes. Ou será que KDE e Xfce são trabalhos tão ruins e irrecuperáveis, que não merecem nem serem levados em consideração?


O futuro é algo imprevisível, mas algo me diz que, daqui a algum tempo, vão começar a brotar de todos os lados notícias sobre descontinuações de ambientes gráficos. Eu só espero que a febre do ODEPC passe, como passou a do ODPC.

5 comentários:

  1. Olá,
    Off [Estou super satisfeito com o Unity, nao tenho problemas nenhum com ele e ele esta começando a se tornar mais e mais customizavel.]

    As distros adotaram o Gnome-Shell ainda MUITO crú. e seus respectivos usuarios acabaram se rebelando.
    Enquanto essa rebelião acontecia, o Gnome foi evoluindo e adquiriu a ótima funcionalidade de utilizar extensões, assim como o Firefox/Chrome..

    Esse, Cinnamon nada mais é do que o Gnome-Shell com extensões já imbutidas por padrão.

    Quem sofre no final é o proprio Linux como um todo, as pessoas novas já se confundem o suficiente com qual distro usar, e ainda tem que se preocupar com qual interface..
    fora que se todos se unissem para desenvolver o Gnome-Shell e suas extensões seria muito melhor. (eu acho)

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  2. Achei sem fundamento o ponto "Não posso desenvolver um aplicativo poruqe minha distro não tem um repositório próprio", o Cinnamon não é nada mais que um aplicativo, é feito para rodar em cima do Gnome 3 assim os aplicativos básicos do Gnome continuam o mesmo, a estrutura necessária para esse projeto é bem menor do que a de um repositório de uma grande distro, concordo que muitas vezes é melhor ajudar um projeto existente mas no caso do Cinnamon é diferente a intenção é recuperar recursos e design do Gnome 2 com a modernidade do Shell em um ambiente que rode com as atualizações correntes do Gnome 3.

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  3. "...we’re designing a new desktop called Cinnamon, which leverages new technology and implements our vision."
    Fonte: http://blog.linuxmint.com/?p=1910

    O Cinnamon não é "mais um aplicativo", é um fork de um ambiente gráfico gigante e com muitos colaboradores.

    O que estou questionando nesse post é a capacidade e a estrutura do Mint para levar a diante o projeto, principalmente em médio e longo prazo, por isso o exemplo da ausência de um repositório próprio. Achou seu "fundamento" agora? ;)

    Abraços.

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  4. Sim é um fork do Gnome Shell, diferente do lxde e do xfce pro exemplo, não serão desenvolvidos um novo gerenciador de arquivos, editor de texto, visualizador de imagens... ele continua sendo baseado no Gnome 3 e no Mutter, continuo não vendo ligação entre gerenciar seus próprios repositórios e modificar um lançador para um ambiente já consolidado, concordo que o Cinnamon não é projeto para um homem só, mas o mint tem uma grande base de usuários, e ainda o conceito do projeto é o desejo de muitos, pelo que eu vi até mesmo gente "grande" na área está apoiando a ideia tanto que já está indo para o "testing" do Debian, não pretendo usar porém testei a versão 1.1.3 e achei bem utilizável, mesmo que o projeto não tenha nem um mês, o que aparenta é que os desenvolvedores estão bem focados em estabilidade e usabilidade do ambiente, e esses objetivos podem ou não ser atingidos independentemente de o mint ter seus próprios repositórios . Um grande fator da agilidade com que está sendo desenvolvido é justamente o reaproveitamento do código e ferramentas do projeto Gnome, não querem criar um ambiente totalmente novo e revolucionário e sim um ambiente que ficará pronto logo e seja compatível como Gnome 3 pelo menos a curto prazo.

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  5. Bruno, agora me responda você: qual a possibilidade de uma equipe manter um ambiente gráfico próprio se não tem pessoal e infraestrutura suficientes para "simplesmente" empacotar e distribuir programas e bibliotecas já prontos?

    E outra, se base de usuário e apoio quisessem dizer alguma coisa, a Canonical não estaria atrás da Microsoft em contribuições ao Kernel. ;)

    Abraços.

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