terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Sobrevivendo no Vim (parte 1)

Quando eu dou de cara com um desses "técnicos" de informática que dizem saber tudo de computador mas que na verdade não passam de noobs arrastadores de mouse, eu geralmente digo "o dia em que você aprender a editar um texto no Vim nós vamos conversar". Depois desse artigo, você poderá conversar comigo.



O Vim (sigla para Vi IMproved), é um editor de textos criado por  Bram Moolenaar que completou 20 anos recentemente. Sua aparência espartana certamente afasta os novos usuários do mundo livre mas, como uma fera que deve ser domada, o Vim não possui mistérios.


A tela inicial do editor Vim


O Vim, hoje, está disponível para uma grande variedade de sistemas operacionais, desde o Linux, o Mac OS e até o Windows. Para o usuário de Linux é de fundamental importância aprender ao menos o básico de sua utilização pois, embora existam editores infinitamente mais fáceis e amigáveis, como o GEdit, o Kate, o Nano e o mcedit, o fato é que o Vim é o editor padrão na maioria das distribuições de Linux e é grande a chance de ele ser o único editor instalado naquele servidor em modo texto no qual você precisa dar manutenção ou no modo de recuperação que está no cd ou dvd de sua distro que você precisa utilizar para editar um arquivo que está impedindo o boot, sem mencionar o fato de que sua operação básica é um tópico cobrado nos exames da certificação LPI.


Se você quiser ser respeitado na comunidade Linux e sobreviver em casos de emergência, você precisa aprender a mexer no Vim. Eu mesmo demorei muito tempo para domá-lo mas, uma vez dominado, ele se mostra um ambiente poderoso e flexível. Com a ajuda de plugins e de configurações, ele pode ser transformado em um poderoso ambiente de desenvolvimento, deixando para trás todos aqueles lixos proprietários como o Visual Studio que são lentos, ocupam vários gigabytes no HD e atrapalham o desenvolvimento com toda sua poluição visual.


Como você em breve perceberá, o editor Vim foi projetado para que você utilize exclusivamente o teclado alfanumérico, sem precisar utilizar o mouse para operar o aplicativo. Acostume-se com as teclas, pois isso aumenta sua produtividade. Pode parecer estranho, mas o fato é que você perde muito tempo tirando as mãos do teclado, pegando o mouse, arrastando, clicando e voltando a digitar. Utilizando apenas o teclado você vai economizar tempo e terminar sua tarefa mais rapidamente (um curso de digitação ajuda, mas não é necessário).

Dica: a distribuição Ubuntu vem com uma versão "capada" do Vim chamada vim-tiny. Assim, para melhor aproveitar seus recursos, você deve instalar a versão completa através do sudo apt-get install vim. O download não é muito grande.


Para abrir o editor Vim, basta digitar vim no terminal. Caso você queira abrir algum arquivo, digite vim nome-do-arquivo. Você também pode criar um novo arquivo com essa sintaxe. Se quiser abrir o editor e ir para o final do arquivo especificado de uma vez, digite vim nome-do-arquivo +. Você também pode abrir vários arquivos de uma vez na mesma linha de comando separando seus nomes por espaços, mas este será um assunto para a terceira parte da série de tutoriais.


A primeira frustração dos usuários iniciantes - que também é motivo de orgasmos para usuários veteranos de Linux ao ver os "experientes" arrastadores de mouse se transformarem em completos noobs - é justamente a tentativa frustrada de editar o texto. Na maioria dos editores existentes - sejam eles gráficos ou em console - assim que você abre um arquivo pode começar a modificá-lo imediatamente simplesmente digitando o novo texto em algum lugar. Mas se você fizer isso no Vim o que acontece? Ele responde com um bip! Essa é a resposta do editor aos alienados que se acham o bam-bam-bam só porque sabem mexer no registro do Windows: Bip! Bip! Bip!


Isso ocorre porque o Vim possui três modos diferentes de edição: o modo normal, no qual é possível colar os conteúdos da área de transferência, o modo de comandos, onde você pode enviar instruções para o editor, o modo de inserção, onde você digita e edita o texto em si e o modo visual o qual permite selecionar textos de forma similar aos editores gráficos.


Quando o Vim é iniciado, ele entra no modo normal. Para começar a editar o texto, você precisa entrar no modo de inserção, o que pode ser feito de várias formas: pressionando i minúsculo, você começa a inserir texto na posição atual; pressionando I maiúsculo o texto é inserido no começo da linha. O maiúsculo insere o texto na linha acima da linha atual e o minúsculo na linha abaixo, já criando as novas linhas. A maiúsculo acrescenta texto ao final da linha e a minúsculo na posição atual. Assim, após entrar no editor vim e criar um arquivo em branco, pressione i para começar a digitar seu texto. Quando terminar de digitar o texto, pressione Esc para retornar ao modo normal.


No modo normal, para se deslocar pelo texto, você pode utilizar as setas direcionais, mas esta não é a maneira correta! O deslocamento no texto ocorre através dos caracteres minúsculos h, j, k e l. Perceba que eles estão lado a lado em seu teclado. A tecla h movimenta o cursor para a esquerda; j para baixo; k para cima e l para a direita. Note, também, que as funções das teclas é simétrica: h esquerda, l direita; j para baixo e k para cima. Essas teclas só funcionam em modo normal; se estiver em modo de inserção, utilize as setas ou saia para o modo normal pressionando Esc e, a seguir, volte para o modo de inserção.


Para salvar e/ou sair do editor, utilize o modo de comandos digitando : e uma combinação de caracteres.


Para salvar seu arquivo, digite :w e pressione enter; Se quiser salvar as alterações em outro arquivo (popular salvar como) digite :w nome-do-arquivo e pressione enter.


Após salvar seu arquivo, você poderá sair do editor digitando :q e pressionando enter. Caso você não tenha salvo as alterações com :w, o editor irá emitir um alerta e não sairá. Nesse instante, você terá duas opções: se quiser jogar fora as alterações que você fez, digite :q!, mas se quiser salvar antes de sair, basta digitar :wq.


Agora, você pode fazer o seguinte exercicio: digite no terminal vim teste, pressione i, digite alguma coisa, pressione ESC e digite :wq. Verifique que o arquivo teste estará presente em sua pasta pessoal (ou no lugar onde você abriu o terminal). Abra-o em outro editor e veja que o texto que você digitou está lá, armazenado no arquivo. Como você viu, escrever seus textos ou programas no Vim não é um bicho de sete cabeças. Na próxima semana, vamos aprender mais algumas técnicas de deslocamento pelo texto bem como localização e substituição de expressões. Até lá!

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