quarta-feira, 15 de setembro de 2010

E quando o Linux não é a escolha certa?

Talvez eu perca alguns visitantes por conta desse título, mas não pude escolher nada melhor. Todos somos intusiastas do Linux e do Software Livre, utilizamos Linux ou, no mínimo, estamos interessados em migrar do Windows para o Linux. Eu poderia vir aqui e criar mil postagens falando que você deve, de qualquer maneira, migrar pro lado pinguim da força, mas eu vou ser justo: nem sempre essa é a escolha certa.


O Linux já é realidade para muitas situações, como para servidores e, em alguns casos, Desktop. Mas, em 99% dos casos os problemas que levam os usuários que testam Linux e acabam voltando para o Windows está na má escolha e na péssima indicação das pessoas que levaram esse usuário a testar o Linux. Antes de indicar Linux nós temos que fazer três perguntas:



Para que a pessoa utiliza o computador?


Essa é uma pergunta básica. O Linux ainda não oferece tudo aquilo que 100% dos usuários desejam, afinal de contas nenhum sistema oferece. Mesmo para funções de um ambiente desktop básico, com acesso a comunicadores instantâneos e navegadores, o Linux não vai agradar a todos. Apesar dos avanços, o Linux ainda não é solução, por exemplo, para usuários que gostam de gastar seu tempo digital jogando.

Agora pense você na tragédia que será se você acabar convencendo seu amigo que não vive sem Need for Speed, FIFA10, Pro Evolution Soccer e etc. a utilizar Linux. Você pode convencê-lo, com certeza, e ele pode até gostar do Desktop em si, se acostumar com o Empathy e o Firefox, por exemplo, mas em algum momento ele vai querer jogar e aí vai começar o problema. Que me desculpem os desenvolvedores de jogos livres, mas os gráficos de 99% dos games para Linux não chegam aos pés do que está se fazendo para Windows atualmente, sejamos realistas.


O seu amigo vai perceber isso também e vai começar a vasculhar fóruns querendo emular todos os jogos do ano que ele tem no Wine e, mesmo com aqueles que ele conseguir emular, vai ficar com aquele sentimento de "o original é melhor". Conclusão: ele vai acabar voltando para o Windows para jogar os games dele em paz e você vai ter dado vida a mais um daqueles trolls que só aparecem em sites sobre Linux pra falar que Windows é o máximo e Linux é péssimo.



Qual a distro mais Indicada?


Esse é outro ponto bem delicado. Se você convenceu uma pessoa a utilizar Linux e já sabe que ela não quer nada além daquilo que o sistema pode oferecer, é hora de você, usuário experiente, acertar na escolha da distro que irá oferecer. Uma escolha errada ou mal informada aqui poderá criar um troll daqueles poderosos.


Se é a primeira vez que a pessoa utiliza Linux, você precisa levar em conta a facilidade que a distro proporciona, o visual da mesma e quanto ela já vem pronta para ser utilizada, além de ter certeza que ela suporta o hardware da pessoa. Se a pessoa quer tudo pronto, o Big Linux ou o Mint são excelentes escolhas. Até certo ponto, o Ubuntu também. Se a pessoa quer ir fundo, Fedora e Mandriva, por exemplo, são escolhas excelentes.


Se a pessoa vem do Vista ou do Seven, procure também mostrar uma distro com KDE primeiro. Nada contra o Gnome, que é uma excelente interface gráfica, melhor até que o KDE em muitos pontos, mas nem eu posso negar que o KDE 4 é muito mais impactante para a pessoa que está chegando agora. Faz ela perceber que a gente não está tão atrás assim em termos de beleza.


Leve em conta o hardware da pessoa que utilizará a distro escolhida. Se a pessoa utiliza conexão discada, prefira o Big Linux que já oferece esse suporte por padrão, se utilizar 3G, prefira uma distro lançada recentemente, como o Fedora Goddard e o Ubuntu Lucid. E também nunca leve uma única distro para o teste, pois pode ser que a sua distro escolhida não rode no computador da pessoa e você precise de um plano B e, em alguns casos, até um plano C.


Leve em conta também a comunidade em torno da distro que você está indicando. A distro precisa ter um fórum ativo, em português, com usuários dispostos a ajudar. Nesse ponto, o Ubuntu está muito na frente, já que praticamente todo o Blog sobre Linux hoje em dia fala sobre a distro da Canonical.


Por mais que Debian e Slackware, por exemplo, sejam excelentes distros, você as utilize e ache que elas são melhores, você precisa entender que não é nada simpático ter que encarar logo na primeira vez um terminal e ver uma pessoa fazendo várias configurações de primeira. Você precisa de uma distro em que ela perceba que não precisará fazer nada além de apertar botões e ler o que está escrito.



Poderei ajudar com as dúvidas?


Mas uma pergunta importantíssima. Não vá achando que vai indicar Linux para a pessoa, entregar um CD de instalação a ela e que o trabalho acabou por aí, não é assim que a coisa funciona. Essa pessoa entrará em um mundo completamente novo e dúvidas de todo o tipo são mais que comuns e totalmente compreensíveis. Você precisa está certo que poderá ajudá-la com essas dúvidas ou, no mínimo, informar onde ela com certeza encontrará essa ajuda.


Deixar uma pessoa que utiliza conexão discada em uma distro que não oferece esse suporte nativamente deixa praticamente subentendido que você sabe como realizar essa configuração e que irá mostrar isso para a pessoa. Saber como ativar uma placa de vídeo, conhecer os passos para a configuração da internet, de um impressora, instalação de programas e adição de repositórios são requesitos mínimos para você ter a segurança de indicar Linux para qualquer pessoa.



E se nada der certo?


Se você respondeu as três perguntas com cuidado, fez a escolha certa da distro e estava sempre disposto a responder as perguntas da pessoa e mesmo assim ela resolveu voltar para o Windows, paciência. Você precisa entender que nem todo mundo quer utilizar Linux e que tem muita gente que não vive sem passar um antivírus pelo computador. Muitas vezes a pessoa volta para o sistema do tio Bill simplesmente por preguiça de aprender algo novo e pela comodidade de ficar com aquilo que já sabe. Nesses casos, não force a barra: a pessoa fez a escolha dela e é necessário respeitar essa escolha.

3 comentários:

  1. Excelente post Cleiton, um texto de belíssima qualidade e profundidade admirável.

    Mas acho que talvez tenha faltado um pequeno detalhe. As vezes é realmente impossível você migrar do Windows para o Linux, mas podemos ter os dois sistemas em nosso PC.

    Quando vou evangelizar a palavra "Linux" , convenço a pessoa que ela não precisa deixar de usar o Windows, mas que se ela conhecer as vantagens do Linux ela vai preferir usa-lo para fazer coisas do dia-a-dia. Como por exemplo Navegar pela Web, acessar sua conta bancaria, Ouvir música, converter vídeos entre outras coisas.

    Quando vou apresentar o Linux a uma pessoa sempre me dou o trabalho de deixar ele pronto, explico como cada funciona, o sistema de atualização, aonde procurar novos app.

    Acho que o segredo para a maior doção do Linux pelas pessoas comuns, seria elas entender bem os conceitos que você apresentou aqui, adicionando a elas a possibilidade de terem Linux e Windows na mesma maquina!

    Um forte abraço!

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  2. Cleiton, concordo com suas palavras,
    Gostaria de ressaltar que a pessoa que me incentivou usar GNU- Lunix Ubuntu, me deu suporte esperado, não quer dizer que não tive problemas de adaptação.
    Mas hoje em dia sou eu que presto suporte para ele, pois com as dificuldades que encontrei serviram de motivação para um melhor e maior aprendizado, como mantive dual-boot com Windows, consigo trabalhar com os dois, embora 5% de Win na atualidade.
    Minha maior dificuldade são programas e sites desenvolvidos pela empresa Alemâ que represento,logo é mais fácil eu mudar que toda infraestrutura de uma empresa internacional.
    Hoje em dia quando necessito de programas e/ou sites exclusivos(intranet), faço uso do Cliente de Terminal Server, embora só consiga fazer isso quando estou na empresa,utilizando acesso a um bom servidor.
    Sucesso..e esperamos maiores suporte de drives open surce.....
    Abraços

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  3. Tarso Dutra, obrigado pela presença. O Dual boot é realmente uma boa opção para quem está começando no Linux, boa lembrança.

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