terça-feira, 8 de março de 2011

A Filosofia do Software Livre

Dando continuidade às comemorações do Dia Internacional da Mulher, o Espaço Liberdade publica, agora, um texto de Fátima Menezes (@fatimamd), mantenedora do blogue Devaneios com Palavras, que vai nos falar sobre a filosofia do software livre.



Fátima MenezesQuando falo a respeito do software livre, com relativa frequência, indagam-me: por quê? Por que realmente optar por esse modelo? Por que algumas pessoas o defendem tanto? Por que simplesmente não usar o software proprietário? O que você ganha com isso?


Em seguida, vem a parte em que explico as vantagens do software livre. Falo sobre a segurança e a estabilidade do Linux; sobre diversos casos de sucesso, como o WordPress, o servidor Apache, o Firefox e o BrOffice; sobre redução de custos; a comunidade e a liberdade... neste ponto, muitas vezes, o ouvinte parece não entender, não conceber, ou meramente não se importar com o que digo.


Em razão disso, penso que é chegada a hora de explicar o que verdadeiramente é o software livre, o que nos motiva a defendê-lo. Para tanto, retomo a história e a filosofia do mesmo.


Numa época em que os programas proprietários reinavam, os usuários não tinham qualquer acesso ao código fonte e o conhecimento ficava muitas vezes restrito às grandes corporações, um hacker do MIT resolveu fazer diferente. Para ele, o conhecimento deveria ser livre, estar disponível para quem quisesse utilizá-lo. Ele via isso como uma questão ética e política. Então, esse homem, Richard Stallman, começou a desenvolver um sistema operacional livre – o GNU, acrônimo para GNU não é UNIX – e criou a Fundação do Software Livre (FSF).


Segundo o próprio Stallman, o software livre pode ser explicado em três palavras: liberdade, igualdade e fraternidade. Essa afirmação traz à mente o lema da Revolução Francesa. É isto mesmo: a filosofia, a ideia por trás do software livre é a liberdade. Liberdade de estudar o programa, entender seu funcionamento, modificá-lo, melhorá-lo e distribuí-lo para as pessoas, sem se preocupar em estar infringindo alguma lei.


No mundo criado por Stallman, há várias comunidades, que se ajudam compartilhando conhecimento. Não vou dizer que é tudo perfeito e que todos se ajudam, mas é um mundo que vale a pena conhecer. Ressalto que a filosofia em questão, na verdade, tem pouco a ver com o socialismo, quando analisada a fundo.


Certo, deve ser muito bom para o pessoal que entende de programação... mas, quanto a mim, usuário? Em que isso muda a minha vida?


Se toda essa conversa sobre liberdade não foi suficientemente inspiradora, enfatizo que os programas livres vêm ganhando cada vez mais espaço em escolas, casas e empresas. Isso se deve à qualidade dos mesmos. Devido a comunidades de desenvolvedores de múltiplos países, erros nesse tipo de programa são, geralmente, corrigidos rapidamente. Há suporte online. Se você tem uma dúvida, basta pesquisar um pouco para solucioná-la. Ao contrário do que alguns pensam, você não precisará chamar um técnico por qualquer besteirinha em um programa. Além disso, à medida que for pesquisando soluções para suas dúvidas, acabará ganhando muito conhecimento.


Caso se tenha interesse, é possível ganhar dinheiro com o software livre. A maior parte deles é gratuita, mas não é crime cobrar pelos mesmos. Crime é fazer cópia de um software proprietário. Crime é fazer uso de meios alternativos (como os cracks) para não pagar a licença de um programa. No mundo do software livre, o maior crime que se pode cometer é negar informações sobre o funcionamento do programa.


Bem, essa era a mensagem que queria transmitir. Não estou pedindo para você deletar o Windows do computador e virar um defensor radical do software livre. Só espero que tenha compreendido o que vemos de tão inspirador nos programas livres, por que os defendemos (às vezes de forma meio obsessiva, confesso), por que acreditamos em seu potencial transformador das pessoas e do Mundo. Quem sabe, depois de ler este texto, você não decide dar uma chance ao Linux, ou a outros programas livres?


Para mais informações sobre a história e a filosofia do software livre, recomendo que assista ao documentário Revolution OS, disponível no YouTube, legendado em português. Para conhecer alguns desses softwares, acesse: Descobre.com e EscolaBr.


Dúvidas? Experiências? Críticas? Comente!

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